segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Performoveção da Mesa da Lis (Véspera)

Postagem realizada em 9/9/2014 às 01:40.


Me preparava para escrever aqui, a uma da manhã, quando o Joanthas (maridão) me dá a notícia de que apagou e perdeu boa parte do que tinha no desktop de seu notebook, ou seja, uma porção de coisas minhas, incluindo vídeos de alunos... Então, me lembrei que no ano passado, o mesmo aconteceu, mas felizmente, ele havia se enganado. Na ocasião ele copiava alguns arquivos do meu netbook e sem querer apagara uma pasta, na qual, basicamente, estavam todos os meus trabalhos da faculdade...

Então, a véspera da performoveção de minha mesa, que contará com algumas belas amigas/mulheres, é marcada por um Déjà-vu de arquivos perdidos, desta vez, ao que tudo indica, sem chances de recuperação. E fico eu, a princípio um tanto irritada, mas ao mesmo tempo, tão tranquila por amanhã, ou melhor, por hoje daqui há algumas horas. Não pensei em nada do que devo fazer durante o percurso, nada além do que se encontra no protocolo da performance. Embora, o controle da ação seja minha e tal ação tenha como proposta a ideia de que eu exerça um certo controle, estou totalmente fora desta vibração neste momento. O que é muito bom, por sinal. 
O que sinto agora é a felicidade de poder realizar tal ação ao lado de pessoas tão maravilhosas, será belo, na medida em que tiver que ser!! É nisto que eu acredito...
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Quanto a alguns detalhes, outrora nem sequer cogitados...

Só hoje me veio a imagem de uma figura na cabeça, que a princípio não me ocorrera e que será provavelmente a que eu usarei amanhã na performoveção. Uma mulher sexy, mas de barba. Muito pertinente e provocador, para um momento em que vivencio processos hirsutos... Hirsutismo, meus amigos e amigas, para quem não sabe, são pêlos que crescem nas mulheres, em regiões comumente associadas ao sexo masculino. Um exemplo básico: rosto!
Dorme com um barulho desses!!!

Quanto as surpresas das vésperas
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Infelizmente, Camila e Luzia não poderão participar, mas antes mesmo de saber que as gurias não poderiam, havia chamado outras duas meninas/mulheres que são bixo da UERGS, com as quais tive um contato mais parofundado durante o 3º Encontro Institucional do PIBID em Xangrilá e Osório...

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Bom, por enquanto fico por aqui... Amanhã/hoje+tarde conto os detalhes!
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Ps.: Ao que tudo indica, como no ano passado, o Jonathas está recuperando os arquivos!

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Boneca dentro e fora da Galeria





Na semana passada participei da performance Boneca de Galeria do amigo Fabrízio Rodrigues[1]. Esta aconteceu na terça-feira, durante a tarde de 26 de agosto. Foi uma experiência maravilhosa e ainda por cima, me pôs em contato com energias e temas outrora mexidos, com os trabalhos Santas ou Putas, Que seja eterno enquanto dure o plástico e Vênus Renascida[2]. Tiveram momentos em que ficávamos imóveis a serviço das fotos e outros nos quais íamos para a vitrine e nos expúnhamos, para os passantes dos corredores da Fundarte. Cabe dizer, que esta ação aconteceu na Galeria de arte Loide Schwambach,durante o projeto/exposição OcupAção de Fabrízio, no qual o mesmo, transferiu para galeria seu espaço de criação, recriando nela, seu atelier. 
Na sequência, Luzia Meimes[3] e eu, fomos para o colégio Ivo Büller, CIEP, onde realizamos uma intervenção junto aos professores, com o clipe Another Bryck in the Wall. Contamos para tanto, com a participação de dois alunos que lá (ao acaso) se encontravam. A ação foi maravilhosa, potente, terminei aquele dia, no entanto, exausta, cansada fisicamente e profundamente imersa no universo daquela boneca que saindo da galeria, assumira outra atitude, de manipulada ou manipulável à manipuladora.
Não poderia ter saído da galeria para o espaço de uma escola com o mesmo figurino, por isso, o colega Fabrízio me emprestou também um casaco acinturado e longo, que interferiu em meus movimentos e postura, isto somado à bota que eu usava e o contexto da marcha que instauramos na ação com os professores, influenciou diretamente na condição de liderança que a boneca passou a exercer.
Um dado interessante, é que terminadas as ações intensas da maratona de 26 de agosto, eu não conseguia falar. Sentia muita dor no maxilar e como já tive problemas no mesmo, sabia que não podia forçar a fala, para evitar maiores danos, como por exemplo, ter que correr para um dentista, para pôr o carrilho no lugar. Foram experiências perturbadoras e interessantes, das quais me sinto grata por participar. Espero poder voltar a vivenciar outras ações em parceria com o Fabrízio, alinhando as memórias que o prostituíram[4], ao presente em que me prostituo[5] artisticamente sem nenhuma objeção, deixando que o agora determine, quais memórias e sensações devem ser evocadas e adotadas ao momento de performar.



[1] É formado na UERGS, em Artes Visuais e possui um trabalho muito ligado ao teatro, visto que dentre outras coisas, é figurinista.
[2] O trabalho Santas ou Putas, realizado em 2012, visava que por meio de análise de uma imagem que expunha uma mulher junto a pedaços de carne em um açougue de Montenegro, levantar as percepções e perturbações que a mesma trazia. Sendo que na sequência, perguntas relacionadas com imagens do sagrado feminino, buscavam relacionar tal estranhamento às diferentes concepções do que é ser “Santa” ou ser “Puta” e de onde viriam estes conceitos. Tal projeto que culminou em uma performance, entrevistou mulheres de diferentes profissões, como comerciantes, incluindo professoras e alunas dos cursos de pedagogia da UERGS, além da professora Martha Hoppe, durante o primeiro encontro Institucinal do PIBID em São Luís Gonzaga. Os dois últimos trabalhos citados, refletem sobre a fusão de plástico e corpo. O plástico como algo que sobreviverá a nós, que é mais durável e ao mesmo tempo descartável. O plástico que permanecendo revelará às futuras gerações, quem fomos.
[3] A colega Luzia Meimes fez parte da performance, foi uma das fotógrafas.
[4] No primeiro dia em que visitei a galeria, vários antes deste em que participei como performer. Fabrízio mostrando alguns de seus trabalhos, referiu-se a eles como as memórias que o prostituíram. Naquele momento em especial, eu sentia-me desgastada e infeliz, mas ao entrar em contato com a arte-ancestral-atemporal-e-prostituta do meu amigo, senti que me era possível, ser artista também.
[5] Aqui este termo assume a conotação poética de que esta ação implica em colocar-se a serviço da arte e das necessidades que se apresentam através da mesma no presente.