terça-feira, 26 de agosto de 2014

Eu tinha medo,mas tava tudo bem

Ali eu me vestia de ilusões e fúria. M e   p e r d i a.. Sentia raiva e repetia as mesmas baboseiras, desperdiçava a energia na mesma direção, indiretamente, eu não me dirigia a lugar nenhum... Correr, correr, ficar parada... Parar, parar... e por que não correr?

Quero aceitar que seja cinza, que os passos mudem e se encham de cor. Quero abraçar o riso, aceitar o formato desta máscara uma vez mais... Quem sabe ganhar algum dinheiro com isso.
Quero morrer no sábado, mas quero VIVER até lá...

Quero  me  p e r d e r        p  r o c u  r  a  n  d  o


(26/08/2014 - 4:49)

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

INquietação

Barulho e silêncio... Tensão. Pensamentos se pechando, chocando... Ideias e mais ideias. O que eu gostaria de fazer, quantas destas coisas eu já faço, qual é a organização necessária para que eu as continue... Note que não há pontos de interrogação, minhas questões são mais afirmações indagatórias, do que perguntas sem resposta. Claro, há também estas, mas sei lá...

Barulho e silêncio... Cansaço. O que eu preciso fazer... Para subExistir? Contas pra pagar X poesia. Livros pra ler... Preocupações antecipadas com a possibilidade de menos trabalho nos meses de verão, a profunda confiança na sabedoria universal... No Universo que SOU EU e que é tanta gente!

Ao mesmo tempo que tudo pulsa, pula e desestabiliza-se em mim, principalmente depois da aula de Poéticas do Processo em Arte de hoje, alguns outros ruídos repousam, fogem, se perdem. São muitas coisas a fazer... Mas, às vezes, não sei o que fazer com elas!

Amanhã, além de ensaio da peça que eu dirijo, teremos uma reunião na casa da Cintia sobre uma performance que vamos realizar... Detalhe, ela nem sabe da reunião (hauhauhauhau)... só sabe que eu vou lá, mas chegarei carregada de outras mulheres, literalmente!

Esta performance surgiu de uma necessidade básica de trazer a mesa que deixei na casa de um colega, no período que morei em Porto Batista, para casa onde moro hoje em Montenegro. O colega em questão é Bruno Parisoto, mora no bairro Centro, assim como eu, mas em outro extremo. No semestre passado havia comentado com as atrizes do BLA, BLA, BLA, sobre a ideia e elas ficaram super pilhadas.
As coisas foram acontecendo e a mesa foi ficando... Pensando sobre isto, neste domingo, enquanto começava a limpar a casa (praticamente desistindo da ideia e pagando um frete, enquanto lutava comigo mesma e repensava sua feitura), a Fernanda Stürmer, minha parceira de uma série de trabalhos e jornadas artísticas, me mandou um e-mail com o projeto dela de TCC para que eu lê-se. Bom... e o título é:

Do corpo à mesa...

O projeto é lindo, profundo... poético. Logo conectei-o a minha mesa, que será então a nossa... Milhares de ideias e assim, puf!! Lá vamos nós, fazer a performance!

E no meio disso, tem as trufas. Meus amados chocolates que tenho e amo fazer... Havia dado uma baixa, ou eu estava em baixa... O fato é que tô com um monte de dindin pra receber e clientes querendo comprar.  Então desejo e penso que este é também um processo artístico e que devo refletir sobre ele, o colocando no meu Livro de Artista, que faremos para a disciplina de POÉTICAS...

No mais dar aulas, tentar fechar umas oficinas remuneradas, pensar em projetos que façam sentido pra mim, mas que tbm rendam grana (o que nem sempre acontece)... Ensaiar para o Jardim, encontrar-me com o ISSO mais frequentemente... Continuar dirigindo o Bla, Bla, Bla...Participar de uns eventos científicos, seguir com o PIBID...

Há e tentar no meio disso, direcionar energias para os florais e o reiki!

UFA!!!

Chega de barulho... Preciso de silêncio... é só o que eu preciso!

(Por enquanto)

Ps.: O horário verdadeiro desta postagem é 1:36 de 5 de agosto... Nunca ajustei o horário disso aqui.

domingo, 3 de agosto de 2014

Enigma da Rosa Mãe

E minha mãe me fala uma frase... Parece uma charada bem humorada... Mas não foi com bom ares de humor, que esta foi proferida e repetida pausadamente, palavra por palavra, mais de uma vez....



Às vezes, a gente se apaixona pela paixão que sente pela pessoa que ama...





A foto acima é uma foto de uma foto de meu pai e minha mãe... 

Está embaçada, é a foto de uma foto e simboliza o meu comentário acerca do enigma que ela me lançou nesta noite de domingo!

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Texto criado para o processo de pesquisa pessoal em "O Jardim das Cerejeiras"


Entre pedras e memórias.
                                                                                              Lis Machado[1]

Carlota Ivanóvna chega a casa no primeiro ato, com um belo casaco bordô e uma pequena mala. Basicamente, estas coisas são as que ela possui!

Voltando de Paris... Longe Paris...[2]

O casaco que a personagem usa pertence à diretora da peça, Tatiana Cardoso. Logo no primeiro ensaio com ele, encontrei uma pequena pedra em seu bolso, era amarelada, bonita, simples. Não parecia uma pedra de grande valor, mas representava algo místico. Era uma pedra desconhecida no bolso de Carlota, deixada ali por alguém que nem eu, nem ela conhecíamos. Optei por não retira-la dali, mas também não fiz grandes alardes quanto a sua existência. Seguimos convivendo... Carlota, eu e a pedra!
Cada vez em que me preparava para entrar em cena no primeiro ato, eu já sabia... Minha mão, involuntariamente... sem consultar meu braço, cotovelo ou ombro, escorregaria até o compartimento secreto e seguraria a dita cuja. Foram mais de dois anos de convivência, até que...

Comentei em um ensaio com minha diretora, de que havia uma pedra no bolso do casaco e que a qualquer hora, eu acabaria escrevendo sobre sua existência. Alguns ensaios depois, quando voltei a vestir o agasalho, minha mão saudosa de seus habituais flertes mágicos com a nossa acompanhante misteriosa, deslizou até o bolso, lá encontrando apenas o vazio de um forro qualquer. Assim como surgiu, a pedra evaporou. Não há outra explicação...[3]

Carlota e eu temos muito em comum, desconhecemos conscientemente nossas origens, mas as sentimos (in) consciente e profundamente.

Eu não tenho passaporte em ordem, não sei que idade tenho. Me sinto sempre uma mocinha (...) Um dia, quando papai e mamãe morreram uma senhora alemã me pegou e me educou. Eu cresci e virei governanta, mas quem eu sou e de onde eu vim, não sei, nem quem foram meus pais, casados não deviam ser, sei lá...[4]

Não sei muito sobre meu pai, ele morreu quando eu tinha apenas sete meses. No entanto, sei que era casado com minha mãe, que ainda vive e envelhece mais e mais, todos os dias. A cada nova linha no rosto de minha mãe, menos eu a reconheço, não pelas modificações de sua pele, mas pela constatação, de que ainda não sei quem ela é e de que não tenho tempo para tentar descobrir. Entre uma visita e outra, novas linhas aparecem... no rosto dela e também no meu.

Agora voltemos a meu pai, que já se foi como o de Carlota.
Ele partiu, mas, deixou-me memórias emprestadas, cultivadas por sua mulher, regadas por algumas histórias, alguns objetos – de origem artística ou mística – que encontro, guardo, cultuo e cultivo.

Um destes objetos é uma pedra:

Ela que era minha
Também era de meu pai
Usada em seus rituais místicos
Um pai mágico para uma atriz que faz uma personagem mágica

Ela que era mágica
Também era do pai dela
Ela que era uma personagem de Tchéckov
Era agora minha
Para criar, compor, dar vida

Dar-lhe vida
           dar-lhe a pedra




Agora você porta a pedra certa:

Bravo, Carlota Ivanóvna!




[1] Atriz pesquisadora do espetáculo O Jardim das Cerejeiras, do dramaturgo russo Anton Tchéckov, dirigida e orientada pela professora Tatiana Cardoso.
[2] Fragmentos de texto do personagem Firs em O Jardim das Cerejeiras.
[3] No ensaio em questão, Tatiana falou-me que a pedra talvez fosse de seu filho, Teodoro.
[4] Fragmentos de texto da personagem Carlota Ivanóvna em O Jardim das Cerejeiras.

Caminhando... caminho... Junto delas... caminhos...

Então tu sais para mais um ensaio, na realidade, uma retomada do BLA, BLA, BLA... O primeiro ensaio prático. Muitas ideias, excelentes atrizes... Uma diretora principiante, que prefere o título simples e abrangente, de ARTISTA...

Então a ARTISTA, propõe caminhos, e que caminhem... e que fechem os olhos e que se diminuam, e que sejam lixo, e que sejam carne, e que se sintam presas em suas carnes e memórias. Uma série de exercícios, pensados e planejados de uma determinada forma e executados de outra, totalmente diferente...

Então elas fazem, elas se jogam, elas temem, se entregam e escapam, confiam mais e menos, mas se entregam e fazem! São artistas... Se aproximam, jogam, se perdem. Tentam fazer o certo. Ignoram que o certo não existe, mas aí se esquecem das certezas e fazem outras coisas. As outras coisas são melhores e maiores que as certas...

Então tu juntas os retalhos e compõe os pedacinhos, decompõe, recompõe, propõe... brinca!

E aí, acontece algo mágico. Algo bom. Algo Teatro. Tu pensas que caminha... e que não conhece o caminho. Mas conhece as demais caminhantes...

Então                   junto                     tu te deixa ir...

Te deixa ir...

 Te deixa...